Quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005
Preconceito. A própria palavra diz tudo: um conceito que você faz antes de experimentar, de conhecer, de saber. Mas podemos identificar a linha que o separa do gosto próprio? Até onde vai a sua opinião e aonde começa a imposição da sociedade?
"Se eu tivesse nascido no alto de uma torre e ficasse lá até os 19 anos, quando eu descesse e o primeiro cara que me aparecesse fosse um gordinho, não teria preconceitos". Thabata Marques Oliveira, 19 anos, estudante de jornalismo do Mackenzie, responde à entrevista que fala da discriminação e mostra como as pessoas são facilmente moldadas em suas opiniões, se contradizem e caem mesmo sem querer na ditadura da sociedade e seus padrões, encontrando dificuldades para se libertar do que já foi imposto.
por Lisbeth Assis
LISBETH – Universidade Presbiteriana Mackenzie. Você acha que por ser uma universidade presbiteriana, com conceitos religiosos mais rígidos que o usual, há algum tipo de preconceito?
THABATA – Não só aqui, mas acho que o preconceito está em toda sociedade.
L – Você se considera uma pessoa preconceituosa?
T – Um pouco...
L – Com o que, por exemplo?
T – Ah, é aquela história, principalmente nessa idade, com aquele cara mais gordinho, com o garoto que é feio. Coisas assim.
L – Mas isso é preconceito ou gosto pessoal?
T – Eu acho que é o preconceito que a sociedade te ensina a ter, eu tento contornar para não misturar com meu gosto e às vezes consigo. Por que a mulher ideal tem que ser a com corpo violão e não a gordinha? Acho que esse é o problema, o padrão imposto pela sociedade, que acaba gerando um preconceito, mas os meus são normais, como de todo mundo que foi criado e vive nesse mundo.
L – O que seriam coisas normais pra você?
T – É aquilo que você já está acostumado a viver, com uma sociedade cheia de padrões pré- definidos e imposições que quando você nasce já estão lá para você seguir.
L – Se você acha que é imposto, por que então concordar com algo que você discorda?
T – Você acaba se moldando aos parâmetros da sociedade, algumas coisas você discorda. É o que eu falei, por que a gordinha não pode ser a mulher ideal?
L – Mas você fala isso porque não é uma gordinha não é? Se você tivesse 40 quilos a mais você usaria uma saia do tamanho dessa que está usando agora (uma saia bem curta para os "padrões da sociedade")?
T – Não usaria porque tenho bom senso.
L – Na rua você não sente ser observada por olhares críticos em razão ao comprimento da saia?
T – (risos) Não, não crítico, mas sim com ar de elogio.
L - E com idade, você é preconceituosa?
T – Isso é algo que eu posso afirmar com certeza que não tenho preconceito algum, sou totalmente livre disso, não ligo pra idade. Quando tinha de 13 pra 14 anos me relacionava com um cara de 28, não era um grande envolvimento mas nós até tínhamos uma ligação legal.
L – E terminou por que?
T – Ah, várias razões... Uma delas o próprio preconceito da minha família, que não encarou por achar que o cara só buscava sexo comigo ou por eu ser muito nova. Não que eu particularmente achasse que não tinha cabeça pra estar com um cara dessa idade, porque pra mim não tem essa de diferença, muito velho pra mim e blablabla. Às vezes o cara estava comigo não com 28 anos, mas curtindo como um garoto de 14, e eu com ele como uma mulher de 28.
L – Por você teria continuado?
T – Na época eu tinha medo, de me relacionar, mesmo a questão sexual também, era tudo muito novo pra mim. Não que eu achasse ele velho demais, mas ficamos pouco tempo porque minha mãe descobriu e eu não gostava dele o suficiente pra enfrentar a família.
L – E as amigas da época, não achavam errado?
T – Não. Nenhuma amiga minha critica, assim como eu. Tinha uma da mesma idade que eu que também ficava com um cara mais velho, de 26. Já era normal, não dava nem pra contar vantagem do tipo ‘olha, estou com um cara mais velho!’ (risos)
L – Qual a mensagem que você acha que a TV quer passar quando mostra casais de homossexuais ou meninas de 18 anos com homens de 60? Isso aumenta ou diminui o preconceito?
T – Eu acho que ao mesmo tempo que é pra desmistificar, pra acabar com o preconceito tornando a situação comum porque quase toda população assiste novela, pode também prejudicar pois ninguém sabe o que cada um está pensando em casa, como está julgando, o que pode piorar a situação, as pessoas podem continuar com aquela idéia de que gays e lésbicas deveriam ser proibidos de terem suas histórias retratadas num meio de comunicação tão amplo como a TV, ou que as meninas são interesseiras, quando na verdade podem estar com um cara de 60 ou 70 anos simplesmente porque curtiram o cara sem se importar com a idade, se o cara tem dinheiro ou se é bonito ou feio.
L – Você namoraria com um cara de 60 anos então?
T – Se fosse o Richard Gere (ator americano, 55 anos) sim! (risos)
L – Concluindo a nossa entrevista, você acha que por as pessoas serem "moldadas" pela sociedade acabam não tendo opinião própria?
T – Eu tenho opinião própria! É o que eu já disse, quero fugir ao máximo dos moldes, acho que não sou coagida, mesmo que eu tenha preconceito com gordinhos, por exemplo... Se isso é uma imposição da sociedade, o fato de não "aceitar" gordinhos, então acaba coincidindo com meu gosto, mas não que eu seja induzida a isso. Talvez se eu tivesse nascido no alto de uma torre e ficasse lá até os meus 19 anos sem saber o que é um homem, quando eu descesse e o primeiro cara que me aparecesse fosse um gordinho, eu não ia ter preconceitos, eu acho. Nós somos criados pra isso, nascemos num mundo assim. E gosto é uma coisa, preconceito e discriminação é outra. Ninguém pode impor nada a ninguém, não sou obrigada a gostar de nada, mesmo que isso soe como preconceito.
10.11.06
"Aquela tal liberdade militar"
por Lisbeth Assis - domingo, 5 de dezembro de 2004
Pronunciamentos em prol de uma liberdade de expressão a toda hora e em todo lugar. O que seria isso? A mídia quer conquistar essa tal "liberdade" há décadas.
Nos anos 60 existia um objetivo comum: derrubar a ditadura militar. Podemos defini-la como o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil, de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime.
Os jovens pediam o fim daquele regime, reivindicavam a redemocratização do País, queriam o fim do imperialismo, a liberdade de expressão, a revolução sexual, paz e amor e a defesa do patrimônio nacional. E hoje? Qual será o ideal tão almejado por todos?
Fazendo uma viagem pelo tempo, até os anos 60-70, o simples fato de pensar na palavra "liberdade" já era sinal de alerta para os ditadores. As pessoas tentavam, através de canções e poesias, extravasar o seu "subjugado" pensamento; as palavras de protesto sofriam mutações, já que a ação da censura impedia que a população tivesse conhecimento daquilo que realmente acontecia, passando sempre a idéia de uma "paz tranqüila". "Nunca podíamos falar nada sobre a política. Mas no fim não fazia muita diferença, pois a verdade era escondida de nós e tentavam mostrar que sempre estava tudo bem, mesmo quando sabíamos que não estava, que a repressão aumentava cada vez mais", relata Gessi Aparecida Astolfi, 71 anos.
Hoje, com a globalização, a circulação de notícias imediatas através da Internet e o fim da ditadura, temos o direito de nos tornar livres. Mas, mesmo com a liberdade de pensamentos, nem sempre podemos colocá-la em prática. Podemos até falar, mas não podemos fazer tudo que falamos. Nesse caso, temos somente a liberdade de opinião, mas nunca a liberdade de ação.
Pronunciamentos em prol de uma liberdade de expressão a toda hora e em todo lugar. O que seria isso? A mídia quer conquistar essa tal "liberdade" há décadas.
Nos anos 60 existia um objetivo comum: derrubar a ditadura militar. Podemos defini-la como o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil, de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime.
Os jovens pediam o fim daquele regime, reivindicavam a redemocratização do País, queriam o fim do imperialismo, a liberdade de expressão, a revolução sexual, paz e amor e a defesa do patrimônio nacional. E hoje? Qual será o ideal tão almejado por todos?
Fazendo uma viagem pelo tempo, até os anos 60-70, o simples fato de pensar na palavra "liberdade" já era sinal de alerta para os ditadores. As pessoas tentavam, através de canções e poesias, extravasar o seu "subjugado" pensamento; as palavras de protesto sofriam mutações, já que a ação da censura impedia que a população tivesse conhecimento daquilo que realmente acontecia, passando sempre a idéia de uma "paz tranqüila". "Nunca podíamos falar nada sobre a política. Mas no fim não fazia muita diferença, pois a verdade era escondida de nós e tentavam mostrar que sempre estava tudo bem, mesmo quando sabíamos que não estava, que a repressão aumentava cada vez mais", relata Gessi Aparecida Astolfi, 71 anos.
Hoje, com a globalização, a circulação de notícias imediatas através da Internet e o fim da ditadura, temos o direito de nos tornar livres. Mas, mesmo com a liberdade de pensamentos, nem sempre podemos colocá-la em prática. Podemos até falar, mas não podemos fazer tudo que falamos. Nesse caso, temos somente a liberdade de opinião, mas nunca a liberdade de ação.
"Queremos é nos divertir"
por Lisbeth Assis - quarta-feira, 20 de outubro de 2004
Antigamente, a juventude era reservada na atitude sexual. Com a era hippie nos anos 60 e 70, houve uma mudança radical nesse comportamento e o sexo aflorou: romperam-se os tabus, e da castidade chegou-se à promiscuidade. Mais algumas décadas e o que vemos é uma mistura dessas épocas, que varia entre a tradição da família e as opiniões e pensamentos dos próprios jovens sobre o que é certo e o que é errado.
Essa mesclagem vai desde as garotas que sonham com o vestido branco, véu e grinalda compondo o tradicional casamento na igreja, na qual escolhem um único parceiro para o resto da vida, até os garotos que freqüentam os famosos "bailes funk" e não se preocupam com o número de parceiras que varia a cada noite. "O que nós queremos é nos divertir", diz G.T.*, carioca, 21 anos.
Atualmente meninos e meninas têm sua primeira relação sexual muito cedo, por volta de 14 ou 15 anos, e em sua maioria não o fazem com uma pessoa confiável, apenas por curiosidade: não se apegam a valores, não pensam nas conseqüências. "A minha primeira vez foi sem camisinha com um garoto que nunca mais vi", conta C.F.*, paulistana, 17 anos. Isso representa um perigo, pois aumenta a chance de transmissão de doenças e gravidez precoce – a gravidez na adolescência e o sexo de risco são problemas gritantes quando se fala em comportamento sexual jovem –, mesmo que haja hoje muita divulgação e informação sobre prevenção.
O sexo em si continua banalizado. "A maioria dos ideais se foram e isso é notório em baladas, festas, universidades, e em outros ambientes onde há uma maior concentração de adolescentes", afirma Lilian Assis, paulistana, pedagoga de 45 anos. Talvez necessitem de auto-afirmação, querem contradizer o que os pais lhes instruíram para provar para si mesmos – e muitas vezes para os amigos – que nessa idade podem dominar sua sexualidade da forma que acham melhor, sem que isso cause problemas. Eles buscam mostrar que o conceito "careta" sobre sexo da época de suas famílias caiu.
Essa mesclagem vai desde as garotas que sonham com o vestido branco, véu e grinalda compondo o tradicional casamento na igreja, na qual escolhem um único parceiro para o resto da vida, até os garotos que freqüentam os famosos "bailes funk" e não se preocupam com o número de parceiras que varia a cada noite. "O que nós queremos é nos divertir", diz G.T.*, carioca, 21 anos.
Atualmente meninos e meninas têm sua primeira relação sexual muito cedo, por volta de 14 ou 15 anos, e em sua maioria não o fazem com uma pessoa confiável, apenas por curiosidade: não se apegam a valores, não pensam nas conseqüências. "A minha primeira vez foi sem camisinha com um garoto que nunca mais vi", conta C.F.*, paulistana, 17 anos. Isso representa um perigo, pois aumenta a chance de transmissão de doenças e gravidez precoce – a gravidez na adolescência e o sexo de risco são problemas gritantes quando se fala em comportamento sexual jovem –, mesmo que haja hoje muita divulgação e informação sobre prevenção.
O sexo em si continua banalizado. "A maioria dos ideais se foram e isso é notório em baladas, festas, universidades, e em outros ambientes onde há uma maior concentração de adolescentes", afirma Lilian Assis, paulistana, pedagoga de 45 anos. Talvez necessitem de auto-afirmação, querem contradizer o que os pais lhes instruíram para provar para si mesmos – e muitas vezes para os amigos – que nessa idade podem dominar sua sexualidade da forma que acham melhor, sem que isso cause problemas. Eles buscam mostrar que o conceito "careta" sobre sexo da época de suas famílias caiu.
*Os nomes foram preservados a pedido dos entrevistados.
9.11.06
Meu blog
3º ano de faculdade e resolvo criar um blog só agora... hehe
É que na verdade sempre pensei em juntar algumas coisas que eu fiz no curso e colocar em algum lugar, mas estranhamente nunca tinha me ocorrido a idéia de pôr tudo num blog.
Obrigada ao meu namorado que me deu a sugestão. :)
Tem coisas que eu fiz no primeiro ano, logo que entrei... Matérias, entrevistas, resenhas, vou colocando a data e na ordem; espero que quem acessar isso aqui e ler, que comente, que dê opinião sobre o que e como escrevo.
Okay... mas qual faculdade eu faço? Nem me apresentei!
Lisbeth Terra Assis, 20 anos, prazer.
Estou no terceiro ano de jornalismo no Mackenzie, me formo no meio de 2008.
Daí é ver se faço mais uma outra faculdade, me especializo nessa mesmo, pra que área vou me direcionar. Existem milhões de caminhos. Bom, ainda tenho um ano e meio para resolver.
E nesse tempo vou atualizando meu blog, que aliás, achei muito criativo o "jornalisbeth", ahahah, modéstia à parte...Bom, é isso. Vou ver se começo a postar hoje mesmo. E... quem entrar aqui, não esquece de deixar um comentariozinho, tá?
Lisbeth Assis
É que na verdade sempre pensei em juntar algumas coisas que eu fiz no curso e colocar em algum lugar, mas estranhamente nunca tinha me ocorrido a idéia de pôr tudo num blog.
Obrigada ao meu namorado que me deu a sugestão. :)
Tem coisas que eu fiz no primeiro ano, logo que entrei... Matérias, entrevistas, resenhas, vou colocando a data e na ordem; espero que quem acessar isso aqui e ler, que comente, que dê opinião sobre o que e como escrevo.
Okay... mas qual faculdade eu faço? Nem me apresentei!
Lisbeth Terra Assis, 20 anos, prazer.
Estou no terceiro ano de jornalismo no Mackenzie, me formo no meio de 2008.
Daí é ver se faço mais uma outra faculdade, me especializo nessa mesmo, pra que área vou me direcionar. Existem milhões de caminhos. Bom, ainda tenho um ano e meio para resolver.
E nesse tempo vou atualizando meu blog, que aliás, achei muito criativo o "jornalisbeth", ahahah, modéstia à parte...Bom, é isso. Vou ver se começo a postar hoje mesmo. E... quem entrar aqui, não esquece de deixar um comentariozinho, tá?
Lisbeth Assis
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