12.7.07

Obrigado Por Escolher

por Lisbeth Assis
Dirigido e escrito pelo estreante Jason Reitman e estrelado por Aaron Eckhart, Obrigado Por Fumar (Thank You For Smoking, 2005) conta a história de um lobista incumbido de convencer as pessoas de que fumar não é prejudicial. Tarefa quase impossível - pintar uma boa imagem da semente cancerígena formatada em bastões, desconectá-la do vínculo com a idéia imediata da degradação.

O termo lobby significa representar os interesses de uma entidade e influenciar outras – esse tipo de “porta-voz” é uma profissão legal nos Estados Unidos, embora malvista. Mas Nick Naylor (Aaron) precisa trabalhar: lutando contra os antitabagistas para vender seu produto, baseia-se na teoria da liberdade de escolha, dizendo que todo mundo sabe que cigarro mata, mas só fuma quem quer. De fato. E quem quer, não gostaria de ver estampado em seu maço uma caveira, como planeja instituir nas embalagens de cigarro o senador Ortolan Finistirre (William H. Macy).

No entanto, a teoria da liberdade de escolha não é o bastante para Naylor. O lobista chega a recorrer a meios baixos para persuasão - quer reimplantar os cigarros no cinema, antigamente vistos como charme das pin-ups e suas piteiras nos longas à la Monroe; paga uma quantia exacerbante para que o “Homem do Marlboro”, Lorne Lutch, pare de reclamar na mídia por ter desenvolvido câncer, entre outras artimanhas. É o dom da palavra, é o poder do convencimento, é a influência descarada. É a fragilidade da sociedade dominada pelo consumismo que o capitalismo traz.

Intercalando drama e comédia, o grande questionamento do filme é se existe realmente a liberdade de escolha. Partindo da premissa sincera, ingênua ou irônica de que é possível escolher, Jason Reitman dubiamente mostra em seu roteiro, adaptado do livro de Christopher Buckley, que podemos sim escolher o que quisermos, mas dentre as opções a nós apresentadas. Complicado.

10.7.07

OUTDOORS

por Lisbeth Assis


Notícia publicada no site Última Instância, da UOL, em 26 de setembro de 2006.


Câmara aprova proibição de outdoors em SP a partir de 2007
(João Novaes)

Os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo aprovaram, em segunda
votação, nesta terça-feira (26/09), o Projeto de Lei 379/06, de autoria do
prefeitura, que proíbe a publicidade externa na capital paulista. O projeto,
denominado Cidade Limpa, foi aprovado por 45 votos favor e 1 contra — do
vereador Dalton Silvano (PSDB), ligado ao ramo de publicidade.


Na prática, com a aprovação da lei, a partir de 2007, fica proibido
qualquer tipo de publicidade externa na cidade. Outdoors, placas, painéis,
pinturas em muros, entre outros meios, estão todos proibidos a partir do dia 1º
de janeiro de 2007.


Também ficam vetados pelo projeto, por exemplo, anúncios em táxis,
ônibus, bicicletas, trailers e até mesmo aeronaves, incluindo os chamativos
dirigíveis. (...)"




A proibição de publicidade externa gera duas vertentes distintas. A primeira é a de que, de fato, a cidade de São Paulo carece de uma “limpeza” na parte visual. A segunda é a de que a proibição dos outdoors e outras propagandas do gênero dificultaria o trabalho dos publicitários e divulgação das empresas de seus produtos.

A quantidade de outdoors expostos em praticamente todas as vias da metrópole polui significativamente o visual, junto com os painéis eletrônicos, os muros pintados em massa nas épocas de campanha política, cartazes colados para divulgação de eventos, entre outros tipos. Alguns conteúdos de outdoors chegam até a causar acidentes de trânsito, por desfocarem a atenção do motorista do tráfego. E os cartazes, chamados de lambe-lambe, muitas vezes descolam, sujando as vias públicas, ou são levados pela correnteza da chuva, entupindo bueiros e bocas-de-lobo, agravando o problema das enchentes.

Por outro lado, uma das maiores colaboradoras da divulgação de produtos é sem dúvida a propaganda externa. Os cidadãos paulistanos estão a maior parte do tempo fora de casa; passam também boa parcela do dia no trânsito, razão pela qual existem tantos outdoors nas vias de maior circulação. Com a lei aprovada, os publicitários assistem enfraquecer uma parte muito significativa do poder da mensagem publicitária.

A grande questão da nova lei é amenizar a poluição visual. O bombardeamento de propaganda externa acaba não só poluindo visualmente a cidade, como também levando à não-absorção das informações, pois por ser em quantidade exagerada elas se homogeneízam, não se diferenciam, perdendo o objetivo dos publicitários: divulgar determinado produto. O exagero acaba muitas vezes escondendo o produto, no meio de tantos outros, e não o destacando: a massificação da informação tira a capacidade do indivíduo de absorvê-la.

De fato São Paulo precisa de uma melhora no aspecto visual; a quantidade enorme de propagandas polui seu meio-ambiente, que já carrega um estado bem precário, denunciando o terceiro mundo. O projeto Cidade Limpa veio a calhar; ajudará a cidade na busca por uma face mais “limpa”.

Mas dentre a dicotomia da limpeza no visual da cidade e a dificuldade dos publicitários na busca por novos meios de divulgação da propaganda - o que aparenta ser fútil ou supérfluo, há também um ponto à parte: existem muitos outros problemas mais graves na cidade de São Paulo a serem analisados e tomados como prioridade do que a poluição visual.



[em 30 de setembro de 2006]

O crime que abalou a São Paulo dos anos 30

O Castelinho da Rua Apa carrega um segredo há quase 70 anos: quem matou a família Guimarães dos Reis?

por Lisbeth Assis


A alta sociedade de São Paulo foi abalada por um crime até hoje não solucionado. Em 12 de maio de 1937, o Castelinho da Rua Apa, como ficou conhecido o castelo situado no cruzamento da Apa com a avenida São João, no bairro da Santa Cecília - Centro, tornava-se palco de um dos acontecimentos que ocupou por dias as manchetes dos jornais da época: o assassinato da rica e tradicional família Guimarães dos Reis.

Após a morte do patriarca, Vicente César dos Reis, que trouxe da França a idéia da arquitetura do castelo, Álvaro, o irmão mais velho, assumiu os negócios do pai. Advogado, de 45 anos, gostava de praticar esportes, freqüentar festas e flertava com muitas mulheres. O típico boêmio, na volta de uma viagem à Europa, veio com a idéia de transformar o Cine Broadway, conhecido patrimônio da família, em um rinque de patinação. Descontente com a sugestão, Armando, irmão mais novo de Álvaro, também advogado de 43 anos, mais recatado e discreto, tentou por diversas vezes impedi-lo. Para Armando, a mudança poderia trazer prejuízos financeiros à família.

Supostamente, este teria sido o motivo que desencadeou o crime numa noite em que, além dos dois irmãos, o corpo da mãe de ambos, uma senhora de 73 anos dedicada à prática religiosa, também foi encontrado.

Há varias versões para o caso e uma pergunta que nunca foi respondida com clareza: teria sido um duplo homicídio seguido de suicídio ou um triplo homicídio? Segundo a versão da polícia, Álvaro teria sido o autor do crime, pois a pistola estava registrada em seu nome; matou o irmão durante uma briga num momento de descontrole e ira, matou a mãe, que possivelmente quis apartar a discussão e, em seguida, suicidou-se.


Controvérsias

As evidências levam a outras possibilidades. Projéteis de uma arma de calibre diferente no corpo de Maria Cândida Guimarães dos Reis, a mãe, reforçam a hipótese de haver uma quarta pessoa na casa no dia do crime. A arma foi encontrada próxima à mão direita de Álvaro, que era canhoto. E o fato mais curioso é o de que o irmão apontado como autor do crime foi encontrado morto com dois tiros, inviabilizando a afirmação concreta de que houve um suicídio. A polícia, entretanto, nunca investigou estas hipóteses e deu o caso como encerrado, apontando realmente Álvaro como o assassino.

Pelo fato da família não ter deixado herdeiros, o Castelinho tornou-se pertencente ao governo e encontra-se hoje em um estado deplorável, necessitando de uma reforma urgente. Parte dos telhados e das paredes já ruíram e corre o risco de desmoronar.

Atualmente, com autorização federal, o imóvel é ocupado pela entidade assistencial Clube de Mães do Brasil, cuja proposta é transformá-lo em um centro de convivências educacionais para crianças carentes e idosos, com atividades que proponham a inclusão social. Mas para que isso se concretize, visto que o Clube de Mães não possui recursos financeiros para tal, faz-se necessária uma reestruturação na construção para poder ser usado com os objetivos sociais alvitrados pelo projeto.

Em razão do mistério sobre o caso do Castelinho da rua Apa, diversas lendas e contos urbanos foram criados. Mesmo que este tenha sido por muitos anos habitado por moradores de rua, tendo se transformado num cortiço temporário, quem por lá passava dizia ver e ouvir coisas no local: vozes, gritos, conversas e a resposta questionável à questão lançada deram ao castelinho a fama de mal assombrado. O enigma continua e este talvez seja um crime que nunca será desvendado.




“Eu era menina quando aconteceu, mas lembro. Lembro da minha mãe conversando com minha avó, que estava um entra-e-sai no castelinho da esquina, porque tinham matado ‘os ricos’. Me assustei e não queria mais passar ali, com medo de que fizessem algo para mim também, porque não sabiam quem tinha matado a família”
Maria Thereza Trotta, 82, antiga moradora do bairro da Santa Cecília


“Ah, dizem que os móveis se arrastavam, que tem fantasma até hoje, barulhos. Mas eu nunca ouvi nada não, nem mendigo não tem mais lá. Isso é lenda que o povo conta para assustar”
“Mas e se a gente levar o senhor lá dentro, só pra confirmar que não tem nada?”
“Ah... daí não”

Antônio Pedro Rocha, 55, trabalhou como pedreiro numa residência próxima ao Castelinho por 4 meses e passava em frente duas vezes por dia


“De onde eu trabalho, dá pra ver o castelinho da janela. Mas eu nunca olho, tenho medo. Ainda mais de madrugada... só não conta pra ninguém porque eu sou vigia e pode sujar pra mim se meu patrão ler isso”
Mariano, 42, vigia


“De vez em quando vêm umas pessoas e ficam aí, deve ser do Clube das Mães (aponta para o outdoor com a identificação do clube). Mas é muito raro. Tinha uma época que estava tendo teatro, aí tinha mais movimento, era menos assustador. Até simpático. Era uma coisa boa pra se fazer aí, pena que acabou”
Adelina Fidélis, 60, moradora do bairro da Santa Cecília desde 1965



[matéria realizada em 12 de novembro de 2006]

A CASA ONDE ELAS PODEM DIZER NÃO

A balada Love Story, famosa pelo público que vai de patricinha a prostituta, dá a oportunidade a esta última de escolher o cliente – se quiser trabalhar

por Lisbeth Assis


A primeira impressão é a de que é uma balada como as outras. Mas não é: a “casa de todas as casas”, como é conhecida a Love Story, situada à rua Araújo, no centro de São Paulo, é um tanto quanto ousada, excêntrica e muito aconchegante.

O slogan não é à toa, já que lá ocorre uma mescla de estilos. Ao som de música eletrônica, black music e pop rock, patricinhas, prostitutas, playboys, executivos, público jovem, experiente e celebridades se homogeneízam e dançam a noite toda, muitas vezes revelando seus mais contidos instintos. O interessante é que os famosos são tratados como gente comum, mas podem optar por um lugar mais reservado para evitar o possível assédio. A casa possui logo na entrada um mural com matérias noticiando a presença de Malu Mader, Luana Piovani, Luciana Gimenez, o “fenômeno” Ronaldinho e Mike Tyson, entre outros.

João Tiago Freitas, mineiro de 54 anos, mais conhecido como Tio João, é o fundador e dono da Love Story, pioneira no gênero que poderia ser chamado de “misto”. De linguajar juvenil e debochado, e despejando um bocado de palavras inadequadas, Tio João conta que o destino dele sempre foi trabalhar na noite, e que buscou um aspecto diferencial: não ter nenhum atrativo específico por noite. “Aqui a gente não chama ator ou atriz pra fazer show, nem banda, nem DJ famoso. É só música a noite toda, todos os dias. Esse é o segredo de 15 anos de Love Story”, revela. Mas é claro que as garotas de programa dão um toque a mais, assim como o público GLS, que se mistura ao público heterossexual. “E todos são sempre muito bem-vindos. Lésbica, gay, prostituta, travesti, tem de tudo aqui!”, enfatiza orgulhoso.

Brigas entre casais acontecem frequentemente. A maioria é por ciúme, pela presença das prostitutas e pelas outras mulheres, confundidas com as profissionais do sexo. Por conta do clima sensual, da característica de balada erótica e do assédio que rola, um dos parceiros pode não saber lidar com a situação, vendo seu companheiro se insinuando ou dançando com outra pessoa, e querer ir embora mais cedo. O fato é que nem todos os casais sabem até onde vai seu limite de “casal liberal”.

A Love Story é um lugar onde todos se sentem muito à vontade – dentro dos limites – fazendo valer o slogan da casa. Prostitutas que lá freqüentam não são obrigadas a sair com o primeiro que abordá-las, podendo escolher aquele que mais lhes interessar, pois não mantêm nenhum contrato com a casa. Paradoxalmente, mulheres comuns não-raro vão à Love, como é intimamente chamada pelos freqüentadores, para terem sua noite de garota de programa e serem tratadas como tal pelo público masculino.

Mas muitas vão lá apenas para se divertir, e não gostam tanto do assédio. Camila Pastor, economista de 22 anos, freqüentadora assídua, diz que “o som de lá é incomparável e não existe melhor eletrônico em São Paulo. Porém o que eu não gosto muito na casa é que muitas vezes os caras não respeitam e te tratam como uma vagabunda qualquer”.

R. R. S., de 29 anos, contraria um pouco o depoimento feminino: “Eu vinha com meus amigos para tomar um drink e as meninas chegavam todas assanhadas em cima da gente, eu é que não ia deixar passar”, confidencia, poupando seu nome, pois se casa no próximo dia 21. Tio João não condena o comportamento masculino. “Se você veio até aqui, já sabe o que vai acontecer. Se não está a fim de tomar uma passada de mão na bunda, vai pra Igreja então”, esbraveja.

E mesmo com o que pode parecer uma total falta de limite tanto dos freqüentadores quanto dos organizadores, o comportamento não é tão promíscuo lá dentro. Protagonizar cenas de sexo é extremamente proibido, assim como o consumo de drogas. “Se os seguranças pegarem um casal, dão um aviso sutil, mas na próxima vai pra fora. Pode se liberar, dançar, subir no palco pra se exibir, quando você é aquela garota que é uma prostituta enrustida (risos). E droga, não vou ser hipócrita, eu sei que rola, em qualquer lugar rola, não seria aqui que não teria. Mas quando o segurança vê a menina no banheiro com aquela peteca (gíria usada para designar a cocaína), na hora ela é repreendida, pois isso não é permitido aqui dentro. Liberdade sim, sacanagem não”, explica o dono convicto, que para isso investe pesado na equipe de segurança.

De segunda a sábado, a casa abre à 1h, mas seu horário de pico é por volta das 5h - e se estende até 9h, podendo, às vezes, chegar ao meio-dia. Horário incomum, mas favorável, pois destaca a casa das demais: quem sai de outra balada e ainda não quer voltar para casa, ou mesmo aquele empresário que engana a esposa dizendo que vai ter que chegar mais cedo ao trabalho, passa lá em busca de diversão e descontração num ambiente em que ninguém é de ninguém, até a hora do café da manhã.


[matéria realizada em 17 de outubro de 2006]

Camisinha antes já resolveria

por Lisbeth Assis - em 1 de novembro de 2006


Muitas mulheres solteiras se tornam mães em meados de novembro - são os chamados “filhos do Carnaval”.

Aparentemente nesta época do ano, as pessoas estão mais propícias a relacionamentos curtos, ou o “sexo sem compromisso”. Partindo desta premissa, vê-se muita propaganda e divulgação do uso da camisinha. É claro que o preservativo deve ser usado o ano todo, mas essa idéia é sempre reforçada no Carnaval, quando a folia é maior.

Acreditando que estaria ajudando a prevenir a “gravidez de época”, o Governo cogitou a possibilidade de distribuir gratuitamente a famosa “pílula do dia seguinte”, que consiste em impedir a fecundação do óvulo pelo espermatozóide até setenta e duas horas após o coito.

Com isso o Governo fez parecer que a questão é a gravidez indesejada, afinal a pílula do dia seguinte não previne nenhuma doença. O número de gestantes diminuiria, mas o de sexualmente contaminados com certeza aumentaria.

Essa atitude soa como um estímulo - mesmo que sem intenção - ao não-uso da camisinha, pois a maioria das pessoas focaliza a gravidez como resultado da não-prevenção, e não as doenças. Se a camisinha fosse usada antes, não precisaria de contraceptivo de emergência depois.

Se sem a pílula, a população mal faz uso do preservativo, conclui-se que com a facilidade de eliminar uma possível gravidez no dia seguinte, e sem pagar nada por isso – quando o “medicamento” custa em torno de R$20 –, a camisinha ficaria esquecida.


Questão controversa
Por um lado evitaria gravidez indesejada, mas será que a distribuição gratuita de pílulas do dia seguinte – em pleno Carnaval – não representaria uma válvula de escape àqueles que não são tão adeptos à camisinha, e não estimularia os foliões a abrir mão de vez do preservativo e fazer sexo sem prevenção?



AS VERTENTES DA ARTE SESSENTISTA

Centro cultural mostra arte e cultura de quatro décadas atrás

Por Lisbeth Assis - 4 de setembro de 2006


Os anos 60 foram marcados pela direta relação das artes com a política. Duas vertentes se destacavam: de um lado, havia as tendências explicitamente participantes, que foram muitas vezes chamadas de arte engajada ou arte de protesto, pois faziam crítica ao regime militar e propunham até formas de participação política de resistência ao regime; do outro, as tendências mais experimentais que, embora também estivessem ligadas à critica do regime e ao protesto à censura e à repressão da época, o faziam de modo mais indireto, mais ligado às linguagens artísticas do que à linguagem política.

O Centro Universitário Maria Antônia apresenta o curso “Arte e cultura nos anos 60: experimentalismo e participação”, ministrado pelo professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em filosofia Celso Favaretto, na segunda quinzena de setembro. O curso faz parte do ciclo “Fontes da Arte Contemporânea”, que já abordou temas como o expressionismo, a antiga Escola de Nova York e a arte brasileira atual.

Celso Favaretto optou por mostrar a visão artística dos anos 60, suas experiências, ações e propostas que amplificaram a atividade de vanguarda, trazendo novos processos e linguagens a partir da situação sócio-política sessentista. O curso examinará a relação que ocorreu, na ocasião, entre a produção nas artes plásticas, no cinema, na literatura, no teatro, e o contexto social e político brasileiro. “A hipótese é que ocorreu exatamente naquele período uma grande movimentação artística com uma alta experimentação de vanguarda, com muitas inovações e, na maioria dos casos, essa arte de vanguarda e essas inovações também repercutiram na maneira de falar da política na arte ou de propor participação política através da arte”, revela.

Mas qual é a relação do tema ‘anos 60’ com a vanguarda? “Aquele período é conhecido como vanguarda brasileira. Tivemos vanguarda antes no Brasil, mas aquele foi de renovação das artes, em que a produção artística brasileira esteve associada a todas as transformações artísticas do século e, principalmente, das atitudes de vanguarda e das produções de vanguarda detonadas pela ‘pop art’ americana”, explica Favaretto. “Foi um momento, no Brasil, em que todas as tendências artísticas renovadoras do século XX estiveram presentes. Mas foi de máxima intensidade das vanguardas, ou seja, de renovação e proposição do novo”, conclui.

Favaretto apresentará na primeira aula a inovação artística e a modernização cultural nas décadas de 50 e 60, seguindo pela arte e o engajamento político no início dos anos 60. Discorrerá também sobre a vanguarda e fechará o curso com o momento tropicalista da cultura brasileira, em meados de 1967.

O tropicalismo se desenvolveu por meio dos músicos baianos, o Grupo Bahia: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Gal Costa, Nara Leão e Tom Zé, entre outros. “Está no extremo da vertente experimental, é o momento em que se repensa a maneira da arte e da cultura para formular uma idéia de Brasil, o que implicava tanto a crítica próxima do regime militar como a dos conservadorismos que ainda vigoravam na arte e na cultura brasileira”, relata. Segundo o professor, o ponto de partida do tropicalismo é articular o arcaico e o moderno, isto é, submeter os arcaísmos brasileiros culturais, sociais, políticos e artísticos a uma crítica através dos instrumentos mais avançados e mais modernos, inclusive tecnológicos.

Ainda é possível se inscrever. O CEUMA funciona para inscrições de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, à rua Maria Antônia, nº 294, 2º andar, no bairro de Higienópolis. O curso, que vai de 14 a 29 de setembro, custa R$ 150 e a casa trabalha com descontos especiais. Iinformações pelo telefone 3255-7182.


[matéria realizada em 4 de setembro de 2006]

Retomando o blog!

Tinha esquecido o login e a senha do meu blog... eis que hoje consegui acessá-lo, hehehe! Revivendo meu blog!

Tava dando uma olhada, algumas coisas mudaram... Coisas simples, agora eu já tenho 21 anos e já estou entrando pro 7º semestre - vulgo 4º ano.

Porém continuo aí na busca pelo "estágio dos sonhos", que vai levar ao "emprego dos sonhos".. hahaha. Sem comentários...

Mas é isso aí, vamo que vamo, revivendo o blog!