por Lisbeth Assis
Dirigido e escrito pelo estreante Jason Reitman e estrelado por Aaron Eckhart, Obrigado Por Fumar (Thank You For Smoking, 2005) conta a história de um lobista incumbido de convencer as pessoas de que fumar não é prejudicial. Tarefa quase impossível - pintar uma boa imagem da semente cancerígena formatada em bastões, desconectá-la do vínculo com a idéia imediata da degradação.
O termo lobby significa representar os interesses de uma entidade e influenciar outras – esse tipo de “porta-voz” é uma profissão legal nos Estados Unidos, embora malvista. Mas Nick Naylor (Aaron) precisa trabalhar: lutando contra os antitabagistas para vender seu produto, baseia-se na teoria da liberdade de escolha, dizendo que todo mundo sabe que cigarro mata, mas só fuma quem quer. De fato. E quem quer, não gostaria de ver estampado em seu maço uma caveira, como planeja instituir nas embalagens de cigarro o senador Ortolan Finistirre (William H. Macy).
No entanto, a teoria da liberdade de escolha não é o bastante para Naylor. O lobista chega a recorrer a meios baixos para persuasão - quer reimplantar os cigarros no cinema, antigamente vistos como charme das pin-ups e suas piteiras nos longas à la Monroe; paga uma quantia exacerbante para que o “Homem do Marlboro”, Lorne Lutch, pare de reclamar na mídia por ter desenvolvido câncer, entre outras artimanhas. É o dom da palavra, é o poder do convencimento, é a influência descarada. É a fragilidade da sociedade dominada pelo consumismo que o capitalismo traz.
Intercalando drama e comédia, o grande questionamento do filme é se existe realmente a liberdade de escolha. Partindo da premissa sincera, ingênua ou irônica de que é possível escolher, Jason Reitman dubiamente mostra em seu roteiro, adaptado do livro de Christopher Buckley, que podemos sim escolher o que quisermos, mas dentre as opções a nós apresentadas. Complicado.
Um comentário:
Comentei na matéria sobre o Love Story.
Dê uma conferida ;)
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