10.7.07

OUTDOORS

por Lisbeth Assis


Notícia publicada no site Última Instância, da UOL, em 26 de setembro de 2006.


Câmara aprova proibição de outdoors em SP a partir de 2007
(João Novaes)

Os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo aprovaram, em segunda
votação, nesta terça-feira (26/09), o Projeto de Lei 379/06, de autoria do
prefeitura, que proíbe a publicidade externa na capital paulista. O projeto,
denominado Cidade Limpa, foi aprovado por 45 votos favor e 1 contra — do
vereador Dalton Silvano (PSDB), ligado ao ramo de publicidade.


Na prática, com a aprovação da lei, a partir de 2007, fica proibido
qualquer tipo de publicidade externa na cidade. Outdoors, placas, painéis,
pinturas em muros, entre outros meios, estão todos proibidos a partir do dia 1º
de janeiro de 2007.


Também ficam vetados pelo projeto, por exemplo, anúncios em táxis,
ônibus, bicicletas, trailers e até mesmo aeronaves, incluindo os chamativos
dirigíveis. (...)"




A proibição de publicidade externa gera duas vertentes distintas. A primeira é a de que, de fato, a cidade de São Paulo carece de uma “limpeza” na parte visual. A segunda é a de que a proibição dos outdoors e outras propagandas do gênero dificultaria o trabalho dos publicitários e divulgação das empresas de seus produtos.

A quantidade de outdoors expostos em praticamente todas as vias da metrópole polui significativamente o visual, junto com os painéis eletrônicos, os muros pintados em massa nas épocas de campanha política, cartazes colados para divulgação de eventos, entre outros tipos. Alguns conteúdos de outdoors chegam até a causar acidentes de trânsito, por desfocarem a atenção do motorista do tráfego. E os cartazes, chamados de lambe-lambe, muitas vezes descolam, sujando as vias públicas, ou são levados pela correnteza da chuva, entupindo bueiros e bocas-de-lobo, agravando o problema das enchentes.

Por outro lado, uma das maiores colaboradoras da divulgação de produtos é sem dúvida a propaganda externa. Os cidadãos paulistanos estão a maior parte do tempo fora de casa; passam também boa parcela do dia no trânsito, razão pela qual existem tantos outdoors nas vias de maior circulação. Com a lei aprovada, os publicitários assistem enfraquecer uma parte muito significativa do poder da mensagem publicitária.

A grande questão da nova lei é amenizar a poluição visual. O bombardeamento de propaganda externa acaba não só poluindo visualmente a cidade, como também levando à não-absorção das informações, pois por ser em quantidade exagerada elas se homogeneízam, não se diferenciam, perdendo o objetivo dos publicitários: divulgar determinado produto. O exagero acaba muitas vezes escondendo o produto, no meio de tantos outros, e não o destacando: a massificação da informação tira a capacidade do indivíduo de absorvê-la.

De fato São Paulo precisa de uma melhora no aspecto visual; a quantidade enorme de propagandas polui seu meio-ambiente, que já carrega um estado bem precário, denunciando o terceiro mundo. O projeto Cidade Limpa veio a calhar; ajudará a cidade na busca por uma face mais “limpa”.

Mas dentre a dicotomia da limpeza no visual da cidade e a dificuldade dos publicitários na busca por novos meios de divulgação da propaganda - o que aparenta ser fútil ou supérfluo, há também um ponto à parte: existem muitos outros problemas mais graves na cidade de São Paulo a serem analisados e tomados como prioridade do que a poluição visual.



[em 30 de setembro de 2006]

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